Abandonar um ser incapaz e dependente é uma atitude covarde e cruel. Abandonar uma cadela grávida em uma cidade desconhecida supera a definição de crueldade, covardia e maldade.
Amora era a "cadela de estimação" de um circo que, após a temporada de apresentações em uma cidade do interior de São Paulo, a abandonou à própria sorte. Grávida, abandonada e sozinha, Amora esperava, em vão, que retornassem para buscá-la, sem arredar as patas do recinto onde o espetáculo fechou as cortinas sem olhar para quem deixou pra trás.
Assim encontramos Amora. Cachorrinha doce e suave, sarnenta e barriguda, quase para dar à luz. Um dia, a encontramos e seu destino e das 6 vidinhas que carregava em seu ventre, mudou para sempre.
Amora teve seus bebês já amparada e longe das agruras das ruas. Nescau, Paçoca, Lili e Hotdog rapidamente encontraram famílias carinhosas e responsáveis que as adotaram, nunca conheceram a fome e o descaso. A mamãe Amora também teve a chance de encontrar uma linda família, mas o mesmo não aconteceu com Yuri e Ameixa. Cães pretos, pelo curto e porte médio sofrem preconceito e são os últimos a serem escolhidos e, na maioria das vezes, a chance de uma nova vida nunca chega para eles.
O tempo foi passando, Yuri e Ameixa se tornaram inseparáveis. Dormem juntos, abraçados, como a se confortarem mutuamente. A partir daí, achamos justo que, se um dia a adoção se concretizasse, teria de ser dupla, pois os irmãos não seriam mais separados.
Eis que veio o milagre: "Esses irmãozinhos me emocionaram, quero adotar os dois".
A proposta de adoção era em outro Estado, no Rio de Janeiro, o que, na maior parte das vezes recusamos, pela dificuldade no acompanhamento da adoção. Mas foram muitas conversas, apresentações por Skype, e cedemos ao que imaginamos que será uma adoção perfeita.
Yuri e Ameixa estão agora, aguardando ansiosos pelo primeiro dia de suas novas vidas, com a garantia que não serão separados e poderão dar amor em dobro à família que os enxergou com os olhos do coração.
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